Gentrificação. Um mal necessário?
Por geográficos
A
palavra gentrificação está na moda.
Todos
querem usá-la em seus discursos, mas poucos sabem o que significa o termo. Importante
é destacar que gentrificação refere-se ao espaço urbano, a cidade, ao espaço
produzido pelo homem, aquilo que Marx chamou de segunda natureza. Gentrificação significa a mudança do conteúdo pela
alteração das formas. Muda-se a forma, muda-se também o conteúdo.
O
fenômeno pode ser transcrito como o “enobrecimento urbano”. Áreas que
empobreceram e perderam seu valor imobiliário devem passar por uma reforma das
infraestruturas, ou seja, precisam passar por um processo de modernização. Meios
de transporte modernos, prédios modernos, redes de comunicação velozes. As áreas
da gentrificação precisam passar por um novo uso através da chegada dos novos
agentes hegemônicos. Os planejadores que pensam a gentrificação instalam novos agentes econômicos, criando uma nova dinâmica de fluxos, alterando a fluidez no espaço, portando modificações do conteúdo. Pessoas começam a circular fazendo uso de novos objetos e equipamentos urbanos.
Gentrificação
é um processo irracional do capital. Para entender melhor podemos analisar a doidera
de artistas, gringos, músicos e empresários comprando terrenos em favelas. O morro do Vidigal é um clássico exemplo do
Rio de Janeiro. A vista dá para a bela Ipanema e a favela é pequena e segura. Podemos
encontrar pousadas com diárias que chegam até 200 reais. Nos últimos anos,
festas passaram a atrair um público rico. Aos poucos os terrenos vão ficando
mais caros, os negócios vão sendo feitos, o fluxo se alterando e o processo de gentrificação vai se
instalando. As grandes empresas vão chegando no lugar, oferecendo serviços, instalando suas redes racionalizadoras junto com outras corporações que contam com
o apoio do Estado.
Mas há quem afirme que a gentrificação é um mal necessário, afinal a degradação da paisagem urbana deve ser combatida para a recuperação da economia e o mercado. No entanto, nem sempre a gentrificação traz benefícios. Não é
porque é moderno que é bom. Quase sempre o processo de gentrificação acontece
de forma violenta. Essa violência, praticada pelas corporações e pelo Estado atinge sobretudo os mais desfavorecidos. Muitas favelas no centro da capital paulista têm pegado fogo
em imensos incêndios e, é possível ler, em alguns sites e artigos, que os incêndios
têm sido práticas criminosas do processo de gentrificação.